terça-feira, 26 de maio de 2009

OUSO AFIRMAR-ME

" HOJE DIGO SIM OU NÃO COM CONSCIÊNCIA, POIS SEI QUE NECESSITO APROVAR-ME A MIM MESMO E NÃO NEGAR A MINHA VERDADE INTERIOR.
QUANDO ME AFIRMO, ASSUMO A RESPONSABILIDADE PELOS RESULTADOS DAS MINHAS ESCOLHAS E DOU AOS OUTROS O DIREITO A ASSUMIREM AS DELES."

Vera Faria

quarta-feira, 20 de maio de 2009

VIDAS





















Talvez das alturas mais lúcidas, e ao tempo mais tristes dos últimos tempos!



Quando tudo se transforma em nada, quando nada se transforma em raiva, quando a raiva se transforma em pena... e quando a pena é o fim, tudo muda.



Não sei qual é a sensação de ter um filho, pois não o tenho, também não sei qual a sensação de ser pai porque nunca o serei, mas a sensação de ser filho, conheço-a bem, sou filha á 26 anos, praticamente 27.


Tive uma infância relativamente feliz. Entre traumas, discussões, medos e falta de amor, também houve tempo para receber carinho, partilhar momentos, ter mimos, ter atenção e principalmente ter alguém que se preocupasse comigo!



Hoje chegou o dia, o dia em que deixo de ser filha, deixo de ter amor, deixo de ter raiva, porque deixo de ter pai.


É triste perder um pai, é triste saber que se perde uma pessoa, que nos disseram erradamente, que podíamos contar para sempre, e que nunca iríamos perder, que podíamos confiar sempre, que nunca, mas nunca nos iria fazer mal, que nunca nos abandonaria, que mesmo que morresse ficaria sempre no coração.MENTIRA, E DIGO ISTO COM DESGOSTO E LÁGRIMAS, PORQUE FUI ENGANADA, MAIS UMA VEZ FUI ENGANADA, E MAIS UMA VEZ NÃO ESTAVA PREPARADA.



Eu sempre disse que não queria "crescer" pois ao "crescer" iria lidar com os factos, iria ver com os meus olhos, aquilo que me escondiam, ia sentir coisas que doem, tomar decisões que custam, e principalmente perder pessoas que amava.



Eu sei que existem doenças que não têm cura, também foi uma coisa que tive de aprender e também aprendi que o mundo é cruel e que a partir de uma certa altura da vida das pessoas tudo vale e nada vale, a única coisa que não aprendi e que devia ter aprendido, é que por mais laços que existem, por mais ligações biológicas, por mais recordações e por mais intenções, se não existir amor, mas amor mesmo, daquele que não se explica só se sente, tudo se perde, mesmo que de um dos lados seja muito forte....


Talvez agora seja um momento triste, talvez hoje sofra mais do que amanha, talvez nunca consigo aconchegar este vazio no meu oração, talvez nunca mais viva da mesma maneira, talvez nunca sossegue esta ansiedade, mas eu SEI e disto eu SEI e não duvido que se fechou um ciclo que nunca mais vou ser a mesma pessoa, que quando amar um filho o farei com tudo o que houver de melhor em mim, mas nunca nunca lhe mentirei sobre o que poderá acontecer quando ele crescer, talvez assim ele esteja mais preparado para a selva que enfrentará, e assim consiga viver sem medos.



Se um dia vires este post peço te que te encontres com alguém superior a ti, alguém com quem consigas ter uma relação espiritual e reflictas sobre tudo. Peço-te que quando eu fizer 27 anos faças uma retrospectiva de toda uma vida, de toda uma relação e de todo um amor entre um pai e uma filha e peças perdão a ti próprio por aquilo que nunca conseguiste ser: PAI.



Nas minhas quintas feiras aprendi a ser eu, a dar importância á minha pessoa, a saber respeitar-me acima de tudo e aprender a conhecer os meus limites. Aprendi a aceitar as minhas fraquezas, a transformar os meus medos e a ser responsável por tudo o que esta relacionado comigo. Aprendi a decidir sem medo, a assumir as consequências dos meus actos, a pensar nas minhas palavras e principalmente a compreender os meus sentimentos. Hoje sou uma pessoa diferente, talvez tão diferente que ás vezes chego a não me conhecer, ou melhor chego finalmente a conhecer-me no mais intimo de mim.



Estou triste, estou cansada e lúcida.


Talvez das alturas mais lúcidas, e ao tempo mais tristes dos últimos tempos!